Cronistas do Diário

Conjuntura natalina

ORLANDO FONSECA

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Apesar de as cidades estarem cada vez mais iluminadas para os festejos de final de ano, a conjuntura está cada vez mais escura no país. Foi olhando pela janela do Palácio do Planalto, que a presidente resolveu editar uma Medida Provisória Natalina. Fica garantida por essa que todo brasileiro terá direito à sua cota de espírito natalino. Este, com seu brilho mágico, terá o poder de obnubilar as cenas deploráveis dos parlamentares se engalfinhando por questões menores, como afastamento do presidente da Câmara, acusações de malversações dos recursos públicos, manobras, propinodutos e golpes de toda sorte. Com esse pacote de bondades natalinas, certamente, os congressistas vão disputar alegremente sobre emendas de felicidade à dita MP. O próprio Noel será chamado para dar seu depoimento nas audiências públicas sobre o direito inalienável às alegrias momentâneas do Natal. Assim o fim do ano virá e teremos um ano novo, com suas novas surpresas e sobressaltos. O resto então será passado.

O Ministério da Saúde também está entrando no clima, pelo esforço de garantir o direito à euforia natalina. Depois da zica gerada pelos vários problemas criados pelo alienígena "aedes egipty", e também pela nova calamidade pública criada pelo "chiguncunha" no Planalto Central, vários laboratórios foram chamados para tentar tirar proveito das condições que têm gerado epidemias como a dengue e a microcefalia. O povo - e não apenas os que têm o esgoto a céu aberto em frente a suas casas, mas até mesmo os que têm piscinas e grandes reservatórios de água - não se convence de que nestes casos não é só o poder público que tem responsabilidades. Vai daí que se criou então o Vírus Natalinus, que será espalhado por um prosaico espécime de mosquito tupiniquim - para que não se discrimine ninguém. Até o Natal, a maior parte da população estará contaminada, e os sintomas poderão ser sentidos em toda parte: febre natalina e os olhos brilhantes com as cores da estação.

Mesmo a famigerada Operação Lava Jato vai entrar no esforço pela democratização do espírito natalino. Será praticada por estes dias a "delação presenteada", segundo a qual os indiciados, os presos provisórios e preventivos serão estimulados a fazerem afirmações positivas sobre os comparsas e cúmplices. Entre seus pares, que de ora em diante serão tratados como "inimigos secretos". Além da redução da pena, os alcaguetes presenteados também poderão fazer um rateio dos valores de propinas não confiscadas.

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